Maluf,
Cachoeira, Gilmar Mendes, Fux, Arruda, Dantas, Tófoli, Sarney, Calheiros, João
Paulo Cunha, Agnelo Queiroz, Eduardo
Cunha, Armínio Fraga e vários outros são pessoas necessárias para que se possa
exercitar o livre-arbítrio. Claro, não precisaríamos de tantos personagens,
mas, sem pessoas assim, como iríamos poder fazer comparações e escolher o
melhor (ou menos pior, que é o que vem acontecendo no País)? Não apenaspara votar, mas para poder entender o que acontece à nossa
volta.
Se só existisse gente boa, ou só gente má, como fazer
escolhas numa eleição, por exemplo? Tem (ou teria) que haver elementos para se
comparar.
Valorizamos e curtimos
o sol graças à noite.
Percebemos (subjetivamente, claro) o que é bonito porque existe o feio. O Papa
Francisco se destaca pelo contraponto a João Paulo II e Bento XVI.
Não haveria o conceito de bom sem que existisse o de mau. Os
contrapontos são essenciais para construirmos os pensamentos e opiniões. Sem maniqueísmo. Necessitamos dos opostos e
dos diferentes, para exercermos o livre-arbítrio. E quando o livre-arbítrio leva
a pessoa a escolher o que é mau? Pois é. Complicado. Livre-arbítrio é o poder
que cada um tem de escolher suas ações, que caminho seguir. Dicionário Houaiss:
“possibilidade de decidir, escolher em função da própria
vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante.”
Poder-se-ia
forçar alguém a escolher quem ou o que se quer com a utilização de ameaças
físicas no próprio ou na família; com ameaça de perda de emprego. Porém isso
não é necessário. Os especialistas em comunicação, em marketing, direcionam as
pessoas para, pensando que exercem o livre-arbítrio, escolherem o pior. Há uma
inversão: os maus são os bons, os bons são os maus. O “isenta de qualquer condicionamento” do
Houaiss vai pra cucuia. Como fazer isso? Como fazer uma pessoa pensar que está
em seu livre-arbítrio, mas está sendo direcionada, condicionada?
Não é difícil. Primeiro, leva o
leitor/telespectador a pensar que faz parte de uma elite intelectual. Depois,
escreve/fala pra ele numa linguagem fácil de ser lida, bem simples, que não
exige muito. Fá-lo aderir a uma “causa
pelo País”, quando, na verdade, a causa é pessoal, para beneficiar o
manipulador ou seus patrões. Direciona para que não questione nada. O outro
lado é mascarado. Vem tudo mastigadinho, sem necessidade de muito trabalho
cerebral. Isso é livre-arbítrio sem
liberdade (o bom uso do livre-arbítrio).
Mesmo nessa situação de direcionamento,
de condicionamento, de manipulação são necessários o bom e o mau com ou sem
inversão. Um juiz que dá habeas-corpus para bandidos e arquiva processos contra
seus apaniguados é um sujeito bom, na visão de seus protegidos/financiadores. O
chefe do Estado Islâmico é considerado bom pelos seus liderados. Para a Bancada
do Camburão, o Richa é bom.
A inversão do bom e do mau aconteceu
com o Cristianismo. Antes, bom era quem pertencia à nobreza, superior; mau, o
plebeu, inferior. Os sacerdotes disseram que o que é nobre é baixo, que o que é
bom, na verdade é mau. E vice-versa. Daí os cristãos começaram a queimar os
templos pagãos, na certeza de ir para o céu por estarem fazendo a vontade de
Deus. Qualquer semelhança com o Estado Islâmico não é mera coincidência. Daí
veio a pregação de que os miseráveis, os que sofrem, os necessitados, os feios
são os únicos abençoados por Deus. Isso é muito conveniente.
O Papa Nicolau V autorizou o rei de
Portugal a conquistar sarracenos e pagãos e fazê-los escravos perpétuos. Seria
para puni-los? Ou por uma bondade papal, queria fazê-los sofrer para serem
abençoados por Deus?
O contraponto é fundamental para
podermos ter posição sobre alguma coisa. Claro, existem os “tons de cinza”, que
cabe a cada um ponderar depois de ver os contrapontos.
Ainda bem que os maus
são os outros.
angeloroman@terra.com.br
No jornal:
http://www.ilustrado.com.br/jornal/ExibeNoticia.aspx?NotID=64503&Not=O%20mau%20%C3%A9%20um%20mal%20necess%C3%A1rio
angeloroman@terra.com.br
No jornal:
http://www.ilustrado.com.br/jornal/ExibeNoticia.aspx?NotID=64503&Not=O%20mau%20%C3%A9%20um%20mal%20necess%C3%A1rio
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