Pesquisar neste blog

domingo, 15 de março de 2015

O MAU É UM MAL NECESSÁRIO

Maluf, Cachoeira, Gilmar Mendes, Fux, Arruda, Dantas, Tófoli, Sarney, Calheiros, João Paulo Cunha, Agnelo Queiroz,  Eduardo Cunha, Armínio Fraga e vários outros são pessoas necessárias para que se possa exercitar o livre-arbítrio. Claro, não precisaríamos de tantos personagens, mas, sem pessoas assim, como iríamos poder fazer comparações e escolher o melhor (ou menos pior, que é o que vem acontecendo no País)? Não apenaspara votar, mas para poder entender o que acontece à nossa volta.
Se só existisse gente boa, ou só gente má, como fazer escolhas numa eleição, por exemplo? Tem (ou teria) que haver elementos para se comparar.

Valorizamos e curtimos o sol graças à noite. Percebemos (subjetivamente, claro) o que é bonito porque existe o feio. O Papa Francisco se destaca pelo contraponto a João Paulo II e Bento XVI.
Não haveria o conceito de bom sem que existisse o de mau. Os contrapontos são essenciais para construirmos os pensamentos e opiniões.  Sem maniqueísmo. Necessitamos dos opostos e dos diferentes, para exercermos o livre-arbítrio. E quando o livre-arbítrio leva a pessoa a escolher o que é mau? Pois é. Complicado. Livre-arbítrio é o poder que cada um tem de escolher suas ações, que caminho seguir. Dicionário Houaiss: possibilidade de decidir, escolher em função da própria vontade, isenta de qualquer condicionamento, motivo ou causa determinante.”

Poder-se-ia forçar alguém a escolher quem ou o que se quer com a utilização de ameaças físicas no próprio ou na família; com ameaça de perda de emprego. Porém isso não é necessário. Os especialistas em comunicação, em marketing, direcionam as pessoas para, pensando que exercem o livre-arbítrio, escolherem o pior. Há uma inversão: os maus são os bons, os bons são os maus.  O “isenta de qualquer condicionamento” do Houaiss vai pra cucuia. Como fazer isso? Como fazer uma pessoa pensar que está em seu livre-arbítrio, mas está sendo direcionada, condicionada? 
Não é difícil. Primeiro, leva o leitor/telespectador a pensar que faz parte de uma elite intelectual. Depois, escreve/fala pra ele numa linguagem fácil de ser lida, bem simples, que não exige muito.  Fá-lo aderir a uma “causa pelo País”, quando, na verdade, a causa é pessoal, para beneficiar o manipulador ou seus patrões. Direciona para que não questione nada. O outro lado é mascarado. Vem tudo mastigadinho, sem necessidade de muito trabalho cerebral.  Isso é livre-arbítrio sem liberdade (o bom uso do livre-arbítrio).
Mesmo nessa situação de direcionamento, de condicionamento, de manipulação são necessários o bom e o mau com ou sem inversão. Um juiz que dá habeas-corpus para bandidos e arquiva processos contra seus apaniguados é um sujeito bom, na visão de seus protegidos/financiadores. O chefe do Estado Islâmico é considerado bom pelos seus liderados. Para a Bancada do Camburão, o Richa é bom.
A inversão do bom e do mau aconteceu com o Cristianismo. Antes, bom era quem pertencia à nobreza, superior; mau, o plebeu, inferior. Os sacerdotes disseram que o que é nobre é baixo, que o que é bom, na verdade é mau. E vice-versa. Daí os cristãos começaram a queimar os templos pagãos, na certeza de ir para o céu por estarem fazendo a vontade de Deus. Qualquer semelhança com o Estado Islâmico não é mera coincidência. Daí veio a pregação de que os miseráveis, os que sofrem, os necessitados, os feios são os únicos abençoados por Deus. Isso é muito conveniente.
O Papa Nicolau V autorizou o rei de Portugal a conquistar sarracenos e pagãos e fazê-los escravos perpétuos. Seria para puni-los? Ou por uma bondade papal, queria fazê-los sofrer para serem abençoados por Deus?
O contraponto é fundamental para podermos ter posição sobre alguma coisa. Claro, existem os “tons de cinza”, que cabe a cada um ponderar depois de ver os contrapontos.
Ainda bem que os maus são os outros.

angeloroman@terra.com.br   

No jornal:

http://www.ilustrado.com.br/jornal/ExibeNoticia.aspx?NotID=64503&Not=O%20mau%20%C3%A9%20um%20mal%20necess%C3%A1rio

Nenhum comentário:

Postar um comentário