É essa a acusação aos professores
estaduais do Paraná.
Eles não foram enfrentar a dureza de um
movimento grevista, as humilhações, as pancadas, os cachorros treinados, as
bombas, para defender um mínimo direito. Não! Nada disso! Foram comandados,
qual uma manada, por políticos do PT só para desestabilizar Richa, e por black
blocs, que foram pra cima da polícia. Afinal, professores são incapazes de
reivindicar, de tomar decisões sozinhos. E o governador é um injustiçado.
Black bloc tem sorte. Mesmo sendo
maioria, nenhum deles se machucou. Nenhum deu entrada em hospital ou
atendimento médico móvel. Só professores e funcionários públicos. Os
insufladores petistas também se safaram de machucaduras. Black blocs e petistas
atacavam covardemente os policiais. Quem apanhava eram os professores. Surra
seletiva?
O massacre teve repercussão mundial.
Inconformismo, pasmo.
Demorou quase uma semana para os
“indignados” aparecerem com postagens “denunciando” os black blocs e os petistas, e
papagueando comentários pegos de jornalistas pagos para idiotizá-los. Esses
“denunciadores”, sim, fazem parte de uma manada. Julgam-se intelectualizados,
inteligentes. Mas, e os professores? Ora, pra essa gente, professores não são
nada. O que reivindicam? Besteira.
Tomo emprestadas palavras da filósofa
Márcia Tiburi: “A arte de escrever para idiotas vem se especializando ao
longo do tempo e seus artistas passam da posição de retóricos de baixa
categoria para príncipes dos meios de comunicação de massa.” Os jornalistas
escrevem idiotices com as quais o leitor se identifica para, assim, ele não se
sentir idiota. Para o leitor se sentir inteligente, usam ideias fixas
(petralhas, Lulinha é dono da Friboi, governo mais corrupto da história,
bolsa-prostituta, governo comunista, político é tudo corrupto, etc.). Isso
garante a atenção do inocente leitor, que sai papagueando sem perceber que o
poder Legislativo também está podre, o alto Judiciário é vergonhosamente
parcial, a corrupção é histórica e tem que ser combatida desde suas raízes.
A verdadeira manada, dos “indignados”,
se orgulha do que lhe permitem conhecer. Seu palco é o Facebook ou
algum boteco. Exibe suas leituras de revistas e jornais, repete as ideias do
jornalista espertalhão e publica nas redes sociais com ares de intelectual.
Quer ser aceito socialmente pela classe alta, quer estar na moda. Os que
compõem o rebanho não têm dúvidas quanto ao que compartilham ou papagueiam.
Essa falta de dúvida é o que os torna parvos. O comunismo, o feminismo, a
política de cotas ou qualquer ação que possa produzir uma mudança de sentido e
colocar em dúvida suas certezas viram um monstro.
Falam de infiltração, de ataque à pobre
polícia e não percebem, nem lhes passa pela cabeça, que a maioria dos deputados
não representa o povo. Apenas atende, de camburão, determinações do governador,
que quebrou o Paraná e está subtraindo recursos da aposentadoria do
funcionalismo público. São esses “críticos” que reelegem tanto
deputados corruptos quanto novatos cujo único item curricular é ser filho de
alguém que está na mídia.
Deveriam se envergonhar. Os professores
foram massacrados e os submissos intelectuais aparecem com essa
história de petralhas e black blocs e santificam o governo estadual, da mesma
forma que demonizam o federal.
Muitos professores votaram no Richa.
Isso não muda em nada o direito que têm de defenderem seus direitos, de serem
respeitados. São uma classe injustiçada, sofrida.
Enquanto não houver manifestações
contra os principais responsáveis pela desordem do País, a situação vai piorar.
Eles navegam tranquilos pelos mares da impunidade, das mordomias, protegidos
pelos inocentes úteis que batem panelas seletivamente e que saem às ruas com palavras
de ordem que lhe são enfiadas na cabeça sem que percebam. Inocentes úteis. Felizmente
muitos perceberam isso e se reposicionaram.
Sair às ruas é uma arma poderosa. Tem
que ser bem utilizada, ter foco consistente, e, principalmente, ter coerência.
Manifestações sensibilizam principalmente quem é alvo dela.
A propósito: Aumento para os
professores: 5%. Para os deputados: 26%. Para os membros do TCU: R$4,3 mil de
auxílio moradia, sem precisar comprovar o gasto. Para a imprensa: R$2,7 milhões
nos últimos dias, para garantir manchetes favoráveis ao
governador.
Texto irritado, não odiento.
No jornal:
http://www.ilustrado.com.br/jornal/ExibeNoticia.aspx?NotID=65883&Not=Professores%20do%20Paran%C3%A1:%20manada%20de%20manipulados?
No jornal:
http://www.ilustrado.com.br/jornal/ExibeNoticia.aspx?NotID=65883&Not=Professores%20do%20Paran%C3%A1:%20manada%20de%20manipulados?
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