Nos debates pela
televisão, assisti a líderes políticos jovens, com conteúdo, fundamento no que
diziam, claros em suas posições e de seu partido. Não vi ofensas ou baixarias nessas
discussões. Opiniões divergentes, mas com respeito. O candidato mais forte,
atualmente no governo, não compareceu. Isso acontece aqui no Brasil também.
Ampla cobertura por
televisão, rádio e jornais.
Nos intervalos dos
programas de TV, a manchete: “Madrid Contaminada”. Vou a Madrid, vejo o mesmo
alerta. LÁ, a nova alcaida (prefeita), que encerrou o domínio de neoliberais no
governo municipal, quer melhorar a
qualidade de vida na cidade. Quer implantar o que, CÁ, o prefeito de São Paulo
está tentando para melhorar a qualidade de vida das pessoas, com a mídia e boa parte da
classe média criticando. A poluição em Madrid está em altíssimo nível.
Deverão ser implantados um rodízio e, principalmente, a construção de
ciclovias. Pelo menos não apareceram reclamações da classe média motorizada.
Isso me leva a pensar
nos Fiscales espanhóis. Equivalentes aos nossos Promotores e Procuradores da
Justiça. CÁ, dificultam ao máximo a implantação de melhoria na qualidade de vida do cidadão COMUM paulistano e engavetam denúncias de corrupção quando são contra figurões do establishment. Mesmo as comprovadas, como aconteceu com o Metrolão, movido
pela Justiça Sueca. LÁ, os Fiscales batalham pelo cumprimento de seus deveres
constitucionais de defender o cidadão. Sem alarde. Sem parcialidade.
LÁ, aos domingos, várias ruas são abertas para a população brincar, dançar, correr.
CÁ, a prefeitura é multada por abrir ruas aos domingos para os cidadãos. O MP tentou impedir a pista exclusiva para ônibus e táxis. Tentou impedir a implantação de ciclovias. Os jovens promotores e procuradores aparecem na mídia tentando justificar as medidas impeditivas, mostrando claramente de quem estão a serviço.
CÁ, a prefeitura é multada por abrir ruas aos domingos para os cidadãos. O MP tentou impedir a pista exclusiva para ônibus e táxis. Tentou impedir a implantação de ciclovias. Os jovens promotores e procuradores aparecem na mídia tentando justificar as medidas impeditivas, mostrando claramente de quem estão a serviço.
LÁ, os Fiscales pouco
aparecem na mídia, mas fazem seu trabalho que orgulha a instituição.
CÁ, jovens descocados
lideram jovens e idosos em passeatas defendendo causas que os próprios
manifestantes desconhecem, como, por exemplo, privatizar a saúde e educação.
Colocam como foco o impeachment, não do Beto Richa, do Cunha, do Agripino
Maia, do Jáder Barbalho, do Justus, etc., mas de alguém que não tem qualquer
acusação de envolvimento em corrupção. E esse direcionamento funciona.
LÁ, vi jovens líderes
discutindo questões do seu país com fundamentos, argumentos consistentes.
CÁ, há seletividade
nas denúncias e punição de políticos corruptos. Sem indignação de boa parte da
sociedade.
LÁ, como aqui, a
corrupção corre solta. Mas há punição. Até membros da família real estão envolvidos
(vamos ver se vão ser presos). Aliás, difícil entender como um país moderno,
ainda mais com dificuldades econômicas, mantém a monarquia. Família inteira à
custa do Estado, com mordomias, viagens... mas não governa. Para isso, há o Presidente do Governo. E isso
vai sendo passado de pai pra filho.
Daí, CÁ, vem o “Vai
pra Espanha!”, equivalente ao “Vai pra Cuba!” de alguns raivosos. Puxa
vida! Não existe lugar melhor do que o Brasil. Temos é que melhorar nosso país.
Temos que fazer, como fazem nas empresas, um “benchmarking”. O Brasil tem a
ensinar coisas à Espanha. Espanha tem
coisas a ensinar ao Brasil.
LÁ, autoridades andam
de transporte público ou carro próprio. CÁ, pagamos carro, gasolina, celular, moradia, escola, viagens
para eles. Quem sabe que o STF está comprando carros novos para os ministros a
um custo de R$155 mil cada? Estão imunes a manifestações de rua.
CÁ, o Legislativo e,
principalmente, o Judiciário, são poupados nas manifestações de rua e redes
sociais. Seus membros deitam e rolam, tranquilos. A população ignora suas ações,
graças ao direcionamento ao impeachment.
Quem sabe que a Lei
de Diretrizes Orçamentárias para 2016 impôs regras para a concessão do famigerado e
vergonhoso auxílio moradia para juízes e procuradores? Regra como, por exemplo,
que os magistrados comprovem com recibo o gasto com aluguel. Ou que se
pague quando não há imóvel funcional disponível. Coisas óbvias, mas... não há indignação quanto a isso. Os beneficiários da mordomia prometem
entrar com recurso no STF. Tudo dominado!
Temos uma sociedade
doente, agressiva, alienada. Faz parte dela o playboy que vive à custa
da família e que disse que Chico Buarque era um merda. Faz parte o manifestante
xingador, o inocente útil que não percebe e nem se importa com a seletividade
do Judiciário, da polícia, do Ministério Público. Apenas protesta contra o que
lhe mandam protestar.
A única solução disponível
é nos unirmos contra a canalhada, de qualquer partido, religião ou região. Aderir
a ela é a pior coisa.