Alguém já viu enterro de anão? Japonês
tocando pandeiro? Genro com retrato da sogra na carteira? Aposentado do
Bradesco? Papel higiênico em banheiro público?
Tem outra agora: alguém já viu
entrevista do Kim Kataguiri, líder descocado das manifestações de rua pedindo
impeachment, xingando a presidente de prostituta e batendo em quem aparece de
camisa vermelha?
Nem a tecnologia consegue apresentar uma
entrevista, ao vivo, do “líder”. O cara não tem conteúdo. Para escrever, há os ghost
writers.
Exibem fotos dele com Caiado, Cunha et
caterva, mas nada de palavras. O cara vai falar o quê? Pelo jeito, nem com
teleprompter conseguiria. Talvez tenha até dificuldade para entender o que lê. Seria
preciso mandar-lhe as perguntas antecipadamente para o ghost writer escrever as
respostas a serem decoradas. É muito bem
utilizado pela mídia (mas só imagens).
Tem um ou outro vídeo do “líder” no
youtube, mas o cara só fala merda. Tudo decorado. Está abaixo do senso-comum de
seus seguidores. Normalmente um líder é superior aos liderados em
conhecimento, informação, capacidade de ascendência. O “líder” é machista dos
mais baixos. Frase dele: “Sabem as semelhanças entre as feministas e o miojo?
Ficam prontas em três minutos e são comida de universitário”. E, mesmo assim,
tem mulheres que o seguem, idolatram. Possivelmente algumas até o colocam em
seus sonhos freudianos.
Quem não viu japonês tocando pandeiro
também não viu o MP de São Paulo dar andamento a processos que envolvem
políticos do PSDB. Não viu a mídia mostrar os políticos de partidos da oposição
envolvidos na Lava Jato.
Também não sabe:
- que Itamar Franco criou a Comissão
Especial de Investigação, composta por representantes da sociedade civil (não
por políticos) com o objetivo de combater a corrupção. Um dos primeiros atos de
FHC quando assumiu foi acabar com a Comissão;
- que a tabela do Imposto de Renda ficou
congelada por seis anos no governo FHC;
- que, na estreia do Brasil na Copa em 2002, foi decretada intervenção na PREVI atendendo
pedido de Daniel Dantas, para facilitar seus negócios nas privatizações. Muitos
funcionários esqueceram isso;
- que José Serra se comprometeu e
“flexibilizar” o pré-sal para os norte-americanos, para eles o apoiarem na
campanha presidencial. Isso foi revelado em documentos do wikileaks. Agora tenta o mesmo como senador. E deve
conseguir, com o apoio dos partidos neoliberais;
- que lanchas e aeronaves não pagam
imposto. Igrejas também não. E os pastores evangélicos a cada dia mais ricos.
Em 2007 o STF (de novo?) confirmou a isenção. Adivinha quem foi o relator: Gilmar
Mendes;
- que dividendos, que enriquecem cada
vez mais quem já é rico, são isentos de imposto de renda desde 1995 (um
presentinho para os financiadores de campanha). Geraria R$43 bi ao ano de
receita. Salário paga, como se fosse renda. Dividendos não. Por exemplo,
um assalariado que ganhe 5 mil, paga
27,5% de imposto de renda. Um empresário que receba 300 mil, não paga nada. Os
bandidos do Congresso não permitem mudar isso. Seus patrões e financiadores não
permitem. A propósito, os empresários reclamam que pagam muito imposto. Na verdade,
RECOLHEM (ou deveriam recolher). Quem paga somos nós.
- que déficit orçamentário é algo comum e que a Itália, Espanha, Japão, Portugal e Zona do Euro têm previsão de 3 a 7%. O Brasil tem
previsão de déficit orçamentário de 0,5%.
Um escândalo para a oposição;
- que, no calor das manifestações de impeachment e a
seletiva Lava Jato, foi aprovado que a Convenção Geral das Assembleias de
Deus do Brasil e Supremo Concílio das Igrejas Presbiterianas do Brasil poderão
acionar o STF para questionar constitucionalidade de legislação considerada
contrária às doutrinas religiosas;
- que Cunha
está deitando e rolando fazendo aprovar benesses a seus financiadores, com
prejuízos bilionários para os cofres públicos;
- que o caso
do filho de FHC com a amante é de conhecimento de qualquer pessoa medianamente
informada desde a época em que ela foi mandada para a Europa com salário pago
pela Globo para manter mãe e filho. A imprensa séria noticiou à época. Mas há
falta de leitores sérios. Agora aparece como novidade. O mesmo aconteceu com
Renan, com sustento pago pela Mendes Júnior. Daí foi um escândalo nacional;
- que nos
melhores momentos de FHC, o desemprego chegou a 12,6%, sem qualquer crítica e
sem panelaços. A taxa de 2015 fechou em 8,4%. Torcer pra não chegar lá;
O mundo está em crise. Uma
vantagem dela é que podem surgir coisas e até valores novos. Uma desvantagem é
que ressuscita pensamentos velhos em gente nova. Prestando serviços à Casa
Grande, como diz Guilherme Boulos.