Para
os chineses, devemos lidar com a História e não com o momento. Só se compreende
o hoje olhando a História no seu desenvolvimento. Ontem fizemos o hoje; hoje
fazemos o amanhã.
Alguns
fatos a se pensarem, que podem nos indignar e ajudar a nos tornar protagonistas
da História.
- Alberto Youssef disse à Justiça que o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, foi o “destinatário final” do pagamento de propina pelo
aluguel de navios-sonda.
- Renan
Calheiros e Eduardo Cunha pressionaram o relator da reforma política e, na nova
versão, o mandato de senadores aumenta de oito para dez anos e o acesso de
partidos ao fundo partidário é facilitado.
-
Fernando Collor, envolvido na Lava Jato, subiu à tribuna, mal humorado, e pediu
o impeachment de Janot. Renan e Cunha também querem a cabeça dele. Afinal, o
Procurador ousou colocá-los na investigação da propina, baseado nos autos da
Polícia Federal. Os dois, não conseguindo o impeachment da presidente,
não permitirão a recondução de Janot ao cargo. Estamos testando um
parlamentarismo. O pior possível.
-
Renan e Cunha patrocinam medida que permite reeleição dos presidentes da
Câmara e do Senado. Querem ficar mais. Estão gostando do ensaio de
parlamentarismo.
-
Renan prorroga seu mandato por mais dois anos, permite sua própria reeleição à
presidência do Congresso, e, com Cunha, barra a recondução de Janot ao cargo de
Procurador.
-
Renan e Cunha tentam melar a Lava Jato. Deverão conseguir. Um juiz do Supremo
já falou da possibilidade de anular as provas utilizadas pelo juiz Moro. É
sempre assim. Os dois boicotam a presidente porque queriam que ela interviesse
para que Janot não apresentasse a denúncia. Ela não pode fazer isso, nunca
tentou, e o procurador não permite interferências. O Brasil perde.
- Além dos presidentes da Câmara e do Senado, 33 parlamentares são investigados
no STF por propina no caso Petrobrás. O Congresso se cala, e não há processos
nos conselhos de ética por quebra de decoro.
- As
empresas investigadas na Lava Jato doaram R$56
milhões ao PT, R$ 52 milhões ao PSDB, R$ 41 milhões ao PMDB e R$ 13 milhões ao PSB.
-
A Operação Zelotes está sucumbindo. Mexe com os grandes empresários. Valor 4
vezes maior que o da Lava Jato. A mídia distrai seus leitores com outros
assuntos.
-
O gigantesco esquema de evasão fiscal, o Swissleaks, já está sendo esquecido.
Grandes empresários, banqueiros e a grande mídia envolvida.
-
Sem dúvida, o sucesso que teve a Lava Jato (ainda que vão destruí-lo) deve-se
ao fato de os corruptos terem sido presos. Isso nunca havia acontecido. Daí,
abrem o bico.
-
Os Ministros Fux e Marco Aurélio deram uma forcinha para que suas jovens
filhas, de pouca experiência, sem ao menos ter cursos de pós-graduação, nunca
foram juízas, fossem nomeadas para o TRF e TJ, respectivamente. Currículo
pobre, indicação rica.
- O Judiciário
se autoaplica aumentos salariais e mordomias, mas julga contra aumento dos
demais trabalhadores.
- O chefe do movimento “Vem pra Rua”, líder dos incautos,
foi filmado batendo ponto de presença em emprego público, de bermuda, camiseta,
sandálias e óculos escuros. Bateu ponto e foi embora sem trabalhar, como faz
habitualmente.
- A reforma política de Cunha prevê o “distritão”, que só
existe em dois países do mundo: Afeganistão e Jordânia. Mas a galera quer é
reforma política. O que importa é o nome.
- Miguel Reale Júnior, jurista de renome, recusou dar
parecer pró-impeachment. Não há fundamento. Outro jurista, Ives Gandra, já
havia dado parecer, a peso de ouro, mas virou gozação no meio jurídico. Daí,
procuraram Reale.
- Juízes e servidores do TJ do Rio de Janeiro estão
aguardando aprovação na Assembleia de um auxílio de R$2.860,41 por filho para
que eles possam estudar (de 8 a 24 anos de idade). Queriam R$7 mil, mas, graças
à humildade que têm, aceitaram baixar o valor. Vai acabar sendo adotado nos outros
estados.
Querem
nos transformar em meros espectadores. Estão conseguindo disseminar e incutir
ódio na população. O ódio é justamente o que destrói a possibilidade do
pensamento e do discernimento.
angeloroman@terra.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário