Estamos num momento histórico: as eleições. Os comunicadores
sociais sabem que a memória coletiva nesses momentos é vulnerável e determinam
o que as pessoas têm que “pensar”. Seja
por jornais, revistas, tv, rádio, seja
pelas redes sociais. Publicam as
bobagens e em minutos aparecem os compartilhamentos e os comentários
“críticos”. Sem qualquer análise e, na maioria das vezes, sem ler o texto todo
ou ver o vídeo postado. Tudo carregado
de ódio cego.
Entre muitos casos, dou três exemplos bem recentes. Apareceu no meu Facebook que o Bolsa Família
não tinha sido criado por Lula, mas pelo governador de Goiás, Marconi Perillo. Junto,
um vídeo, publicado pelo jornalista da Veja, Ricardo Setti, com a suposta
confirmação do fato pelo Lula. Vi o
vídeo e não era nada disso. Lula agradecia Perillo por ter sugerido unificar
todos os programas já existentes em um só CARTÃO MAGNÉTICO. Apenas isso. É uma
ofensa à inteligência, à razoabilidade. Setti e os outros jornalistas sabem que
seus leitores são atraídos pelas manchetes, fazem leitura apressada e divulgam
seu furor. Os jornalistas aproveitam essa limitação.
Outro: que a viúva do Guevara recebeu pensão no Brasil. As
pessoas acreditam, não verificam e compartilham na rede. O próprio site que
publicou a “notícia” alerta, lá embaixo, em letras miúdas, que o seu conteúdo é
fictício. Mas os “críticos”, apressados, não leem o aviso. E o criador da página sabe que não leem.
Mais um: o vídeo que o Danilo Gentile fez sobre o “Aécio
Cheirador”. Não há provas de que o candidato é ou foi consumidor de drogas, mesmo
assim isso é muito compartilhado nas redes.
Há vários sites que têm seus artigos duvidosos postados na
rede social como verdades. Um deles, de Joselito Muller, publica barbaridades
como o Bolsa Prostituta, tornozeleiras para médicos cubanos não fugirem e
outras asneiras. Depois, Muller diz em entrevista que quem acredita no que ele
escreve é “deficiente cognitivo”. Publica, é compartilhado pelos seus fãs e os
ofende.
Costumo comentar essas publicações, questionar ou mostrar que
é piada. Alguns respondem agredindo,
outros insistem, outros utilizam o tradicional e limitador “Não adianta discutir com petista!”. Ué!
Ainda insistem na besteirada. Hoje é chamado de petista quem questiona falta de
fundamento. Questionar asneiras não tem a ver com partido político. Atacar por não ter argumentos para
fundamentar o que postou é uma indigência de pensamento. Alguns ainda dizem que
postam o que quiserem e ninguém tem nada com isso. Mais indigência. Postar na
rede social é querer ser visto, é se expor, e isso tem consequências.
Quem é dirigido não consegue ver e não critica a seletividade
do alto Judiciário, ou o ministro do Supremo que, depois de a maioria dos
ministros terem votado contra o financiamento de campanhas eleitorais por
empresas, pediu vistas do processo até sabe Deus quando. Por que pediu? Não se
veem críticas aos dois ministros do Supremo por
soltarem bandidos e engavetarem processos. Ou a membros de outros
órgãos, como Robson Marinho, do Tribunal de Contas de SP,
que recebeu 2,7milhões de dólares em propina para aprovação das contas e contratos milionários do governo de SP. O Tribunal Penal de Bellinzona, Suíça, encaminhou a
movimentação bancária dele.
Quem se informa apenas pela grande mídia não sabe, por
exemplo, que Joaquim Barbosa, quando presidente do STF, comprou um apartamento
em Miami usando uma “corporation” aberta em seu nome, com endereço da sede da
empresa num apartamento funcional, o que é ilegal. Criou a empresa pra comprar
o imóvel e não pagar imposto, ou pagar menos.
Há várias revistas e jornais, na grande imprensa, que
escrevem para esse público acrítico. É uma ofensa que alguns aceitam.
“O opressor não seria tão
forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos.” Simone de Beauvoir
Jornal: http://www.ilustrado.com.br/jornal/ExibeNoticia.aspx?NotID=61081&Not=Informados%20e%20deformados
Jornal: http://www.ilustrado.com.br/jornal/ExibeNoticia.aspx?NotID=61081&Not=Informados%20e%20deformados
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