Pesquisar neste blog

domingo, 19 de outubro de 2014

INFORMADOS E DEFORMADOS

Estamos num momento histórico: as eleições. Os comunicadores sociais sabem que a memória coletiva nesses momentos é vulnerável e determinam o que as pessoas têm que “pensar”.  Seja por jornais, revistas,  tv, rádio, seja pelas redes sociais.  Publicam as bobagens e em minutos aparecem os compartilhamentos e os comentários “críticos”. Sem qualquer análise e, na maioria das vezes, sem ler o texto todo ou ver o vídeo postado.  Tudo carregado de ódio cego.

Entre muitos casos, dou três exemplos bem recentes.  Apareceu no meu Facebook que o Bolsa Família não tinha sido criado por Lula, mas pelo governador de Goiás, Marconi Perillo. Junto, um vídeo, publicado pelo jornalista da Veja, Ricardo Setti, com a suposta confirmação do fato pelo Lula.  Vi o vídeo e não era nada disso. Lula agradecia Perillo por ter sugerido unificar todos os programas já existentes em um só CARTÃO MAGNÉTICO. Apenas isso. É uma ofensa à inteligência, à razoabilidade. Setti e os outros jornalistas sabem que seus leitores são atraídos pelas manchetes, fazem leitura apressada e divulgam seu furor. Os jornalistas aproveitam essa limitação.

Outro: que a viúva do Guevara recebeu pensão no Brasil. As pessoas acreditam, não verificam e compartilham na rede. O próprio site que publicou a “notícia” alerta, lá embaixo, em letras miúdas, que o seu conteúdo é fictício. Mas os “críticos”, apressados, não leem o aviso. E o criador da  página sabe que não leem.

Mais um: o vídeo que o Danilo Gentile fez sobre o “Aécio Cheirador”. Não há provas de que o candidato é ou foi consumidor de drogas, mesmo assim isso é muito compartilhado nas redes.

Há vários sites que têm seus artigos duvidosos postados na rede social como verdades. Um deles, de Joselito Muller, publica barbaridades como o Bolsa Prostituta, tornozeleiras para médicos cubanos não fugirem e outras asneiras. Depois, Muller diz em entrevista que quem acredita no que ele escreve é “deficiente cognitivo”. Publica, é compartilhado pelos seus fãs e os ofende.

Costumo comentar essas publicações, questionar ou mostrar que é piada.  Alguns respondem agredindo, outros insistem, outros utilizam o tradicional e limitador  “Não adianta discutir com petista!”. Ué! Ainda insistem na besteirada. Hoje é chamado de petista quem questiona falta de fundamento. Questionar asneiras não tem a ver com partido político.  Atacar por não ter argumentos para fundamentar o que postou é uma indigência de pensamento. Alguns ainda dizem que postam o que quiserem e ninguém tem nada com isso. Mais indigência. Postar na rede social é querer ser visto, é se expor, e isso tem consequências.

Quem é dirigido não consegue ver e não critica a seletividade do alto Judiciário, ou o ministro do Supremo que, depois de a maioria dos ministros terem votado contra o financiamento de campanhas eleitorais por empresas, pediu vistas do processo até sabe Deus quando. Por que pediu? Não se veem críticas aos dois ministros do Supremo por  soltarem bandidos e engavetarem processos. Ou a membros de outros órgãos, como   Robson Marinho, do Tribunal de Contas de SP, que recebeu 2,7milhões de dólares em propina para aprovação  das contas e contratos milionários do governo de SP. O Tribunal Penal de Bellinzona, Suíça, encaminhou a movimentação bancária dele.

Quem se informa apenas pela grande mídia não sabe, por exemplo, que Joaquim Barbosa, quando presidente do STF, comprou um apartamento em Miami usando uma “corporation” aberta em seu nome, com endereço da sede da empresa num apartamento funcional, o que é ilegal. Criou a empresa pra comprar o imóvel e não pagar imposto, ou pagar menos.

Há várias revistas e jornais, na grande imprensa, que escrevem para esse público acrítico. É uma ofensa que alguns aceitam.

 “O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos.” Simone de Beauvoir

Jornal: http://www.ilustrado.com.br/jornal/ExibeNoticia.aspx?NotID=61081&Not=Informados%20e%20deformados

Nenhum comentário:

Postar um comentário