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sábado, 16 de agosto de 2014

DENÚNCIAS!!! DENÚNCIAS?

Fato 1: o Conselho Regional de Medicina de São Paulo, em 2013,  aplicou exame  nos médicos recém-formados. É obrigatório no estado e requisito para ter licença médica. Houve 60% de reprovação. Detalhe: não é eliminatório.  O médico apenas comprova que FEZ o exame. Se for reprovado... não importa. Erraram questões básicas sobre diagnóstico e tratamento em prontos-socorros e postos de saúde, como tuberculose, pneumonia e hipertensão.

"É vergonhoso, um absurdo. A licença deveria ser dada apenas aos médicos que passaram", diz Luna Filho,diretor do Conselho.  E (com exagero): "No Brasil, é médico quem pode pagar uma mensalidade". Segundo a Revista Forum, no País, 58% de escolas de medicina são privadas, parte dirigidas a atendimento vinculado à indústria de equipamentos de alta tecnologia e aos laboratórios.

Fato 2: Dr. Carlos Alexandre era  pediatra de meus filhos nos anos 80. Ele não receitava remédios "de cabeça". Consultava um volumoso livro ("colava"), de onde escolhia e dosava o remédio. Outro diferencial: fazia a receita a máquina.  Nada de palavras ininteligíveis.

Relembrei esses dois fatos ao ler na internet  "denúncias" contra médicos cubanos (sempre eles): eles têm "colas" para dosar remédios. Os "denunciantes" caem de pau em cima. Só que saber dosagem de cor é muito diferente de saber qual o remédio mais adequado. E diferente de saber diagnosticar.

Existem problemas com muitos médicos brasileiros que não comparecem ao trabalho, fazem diagnósticos errados, cometem graves erros médicos, maltratam os pacientes na saúde pública, cobram por fora, recebem por horas de trabalho impossíveis de serem cumpridas. Os "denunciantes" emudecem. Calam-se também quanto aos chefes que permitem isso. Punições, só se houver erro em cirurgia plástica ou outra ocorrência com a classe abastada. Erro com pobre, nunca.

Felizmente, temos profissionais, na maioria, conscientes de seu papel e função na sociedade.  Que salvam vidas, atendem os pacientes com dignidade.  Conheço várias pessoas que estão vivas ou melhoraram a vida graças a um médico que eliminou ou diminuiu remédios receitados por outro.

"Críticos" ignoram totalmente o fato de seres humanos estarem agora tendo assistência médica graças ao programa Mais Médicos.  Não querem ir trabalhar em lugares onde estão os estrangeiros e ainda reclamam. E sem fundamento. De janeiro de 2013 a janeiro de 2014, no estado de São Paulo, houve redução de 70% na quantidade de encaminhamentos para hospitais, graças ao Mais Médicos. Os médicos-empresários donos de hospitais não gostam disso.  A Veja  publicou, em 1999, "O milagre veio de Cuba" quando FHC importou médicos cubanos para resolver problemas  em municípios que não tinham médicos.  Agora, mudou de lado. Para a revista, a questão é política, não de saúde. O que é para os "críticos denunciantes" atuais?

Goste-se ou não de médicos cubanos, eles estão entre os melhores do mundo. Reconhecidos mundialmente e pela Organização Mundial da Saúde. Cuba, até 1959 um prostíbulo dos americanos ricos, é um país pobre, que sofre embargo econômico. O melhor produto deles é a medicina, que exporta para o mundo todo. Pobre,  e com a saúde e educação a cargo do Estado, não pode gastar à toa. Prioriza a  prevenção e a educação para a saúde, o que reduz os índices de enfermidade, a necessidade de atendimento e os custos. Sem uso de equipamentos modernos (nem os tem). E funciona. Poucos ficam doentes. Segundo a Unicef, há 165 milhões de crianças desnutridas  no mundo. Em Cuba, nenhuma. Quem é médico é porque quer, não pra ganhar bem. Ali ninguém ganha bem. Médico ou operário têm salários quase iguais.  Bem baixos.

Quando alguém fala  de alguma qualidade de países europeus ou do Canadá, ninguém diz: "Se é tão bom, por que não muda pra lá?". Mas se falar de Cuba, já vem a perguntinha decorada.  Pra crescermos temos que ver bons exemplos e adotar, em qualquer área, seja de Israel, Paraguai,  Palestina,  Índia,  Rússia. Quem sabe até dos Estados Unidos.

angeloroman@terra.com.br


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