Fato 1: o Conselho Regional de Medicina de São Paulo, em 2013, aplicou exame
nos médicos recém-formados. É obrigatório no estado e requisito para ter
licença médica. Houve 60% de
reprovação. Detalhe: não é eliminatório.
O médico apenas comprova que FEZ o exame. Se for reprovado... não
importa. Erraram questões básicas sobre diagnóstico
e tratamento em prontos-socorros e postos de saúde, como tuberculose, pneumonia e hipertensão.
"É vergonhoso, um absurdo. A licença
deveria ser dada apenas aos médicos que passaram", diz Luna Filho,diretor
do Conselho. E (com exagero): "No Brasil, é médico quem pode
pagar uma mensalidade". Segundo a Revista Forum, no País, 58% de
escolas de medicina são privadas, parte dirigidas a atendimento vinculado à
indústria de equipamentos de alta tecnologia e aos laboratórios.
Fato 2: Dr. Carlos Alexandre era
pediatra de meus filhos nos anos 80. Ele não receitava remédios "de
cabeça". Consultava um volumoso livro ("colava"), de onde escolhia
e dosava o remédio. Outro diferencial: fazia a receita a máquina. Nada de palavras ininteligíveis.
Relembrei esses dois fatos ao ler na internet "denúncias" contra médicos cubanos (sempre
eles): eles têm "colas" para dosar remédios. Os
"denunciantes" caem de pau em cima. Só que saber dosagem de cor é
muito diferente de saber qual o remédio mais adequado. E diferente de saber
diagnosticar.
Existem problemas com muitos médicos brasileiros que não
comparecem ao trabalho, fazem diagnósticos errados, cometem graves erros
médicos, maltratam os pacientes na saúde pública, cobram por fora, recebem por
horas de trabalho impossíveis de serem cumpridas. Os "denunciantes" emudecem.
Calam-se também quanto aos chefes que permitem isso. Punições, só se houver erro
em cirurgia plástica ou outra ocorrência com a classe abastada. Erro com pobre,
nunca.
Felizmente, temos profissionais, na maioria, conscientes de
seu papel e função na sociedade. Que
salvam vidas, atendem os pacientes com dignidade. Conheço várias pessoas que estão vivas ou
melhoraram a vida graças a um médico que eliminou ou diminuiu remédios
receitados por outro.
"Críticos" ignoram totalmente o fato de seres
humanos estarem agora tendo assistência médica graças ao programa Mais
Médicos. Não querem ir trabalhar em
lugares onde estão os estrangeiros e ainda reclamam. E sem fundamento. De
janeiro de 2013 a janeiro de 2014, no estado de São Paulo, houve redução de 70% na quantidade de encaminhamentos
para hospitais, graças ao Mais Médicos. Os médicos-empresários donos de
hospitais não gostam disso. A Veja publicou, em 1999, "O milagre veio de
Cuba" quando FHC importou médicos cubanos para resolver problemas em municípios que não tinham médicos. Agora, mudou de lado. Para a revista, a
questão é política, não de saúde. O que é para os "críticos denunciantes"
atuais?
Goste-se ou não de médicos cubanos, eles estão entre os
melhores do mundo. Reconhecidos mundialmente e pela Organização Mundial da
Saúde. Cuba, até 1959 um prostíbulo dos americanos ricos, é um país pobre, que
sofre embargo econômico. O melhor produto deles é a medicina, que exporta para
o mundo todo. Pobre, e com a saúde e
educação a cargo do Estado, não pode gastar à toa. Prioriza a prevenção e a educação para a saúde, o que
reduz os índices de enfermidade, a necessidade de atendimento e os custos. Sem
uso de equipamentos modernos (nem os tem). E funciona. Poucos ficam doentes. Segundo
a Unicef, há 165 milhões de crianças desnutridas no mundo. Em Cuba, nenhuma. Quem é médico é
porque quer, não pra ganhar bem. Ali ninguém ganha bem. Médico ou operário têm
salários quase iguais. Bem baixos.
Quando alguém fala de alguma qualidade de países europeus ou do
Canadá, ninguém diz: "Se é tão bom, por que não muda pra lá?". Mas se
falar de Cuba, já vem a perguntinha decorada.
Pra crescermos temos que ver bons exemplos e adotar, em qualquer área,
seja de Israel, Paraguai, Palestina, Índia,
Rússia. Quem sabe até dos Estados Unidos.
angeloroman@terra.com.br
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