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domingo, 22 de junho de 2014

SÍNDROME DE ESTOCOLMO

É tudo muito louco. E muita coisa é desanimadora.

Pessoas que vieram de família pobre, que lutaram muito para conseguir "vencer na vida", alguns até humilhados, quando conseguem ascensão social, passam a fazer com os outros o que de ruim lhe fizeram. Além disso, procuram ler os mesmos jornais e revistas da classe dominante, ou fumar o mesmo charuto, ou beber o mesmo uísque ou vinho, e, claro, fazem piadas racistas e preconceituosas para melhor imitar.

Isso se vê muito, também, na internet. Querem se identificar com seus contrários. Querem a todo custo ser parecidos com os da classe dominante, imitam-nos, seguem-nos. Passam a ser instrumentos dos poderosos. Muitos são levados a acreditar que têm ou tiveram a vida difícil por destino, por vontade de Deus, o que contribui fortemente com a continuidade da situação vivida e de se sujeitar à vontade de outro.

Isso acontece também com pessoas que, mesmo não tendo vivido a pobreza lutam para galgar ou manter condições e vida social melhores. Nada melhor do que imitar seus "ídolos".
Educação tem a ver com isso? Segundo Paulo Freire, quando a educação não visa a autonomia da pessoa, não estimula a criação do senso crítico e apenas transmite informação, "desperta no oprimido o sonho de ser opressor".

Chamo aqui de oprimidos os dominados; de opressores, os membros da classe dominante. Classe dominante  é a classe social que detém os meios e a capacidade de produção. Normalmente controla o processo econômico e político.

A grande pretensão dos dominados para se livrarem de sua situação não é se tornar uma pessoa com liberdade, mas sim se converter em dominador, ou pelo menos conquistar sua simpatia. O novo indivíduo sonhado são eles mesmos, convertidos em opressores, dominadores. Quando passam a desejar ser como o dominador, aderem à classe dominante, incorporam inconscientemente suas opiniões e passam a desprezar a si mesmos e a seus iguais. Veem-se como incompetentes e incapazes. Passam a ter uma espécie de dependência emocional. E partem em defesa de atitudes condenáveis de seus "ídolos".

É comum um empregado explorado chegar à posição de chefia e massacrar seus colegas. Quem já não ouviu: "Não dá pra entender! Ele era um cara tão legal e virou um chefe insuportável."

A classe dominante tem a maior parte da mídia a seu serviço.  Controla 70% da informação no Brasil. Os Marinho, donos da Globo, são os mais ricos do País. Os Civita, da Abril, estão em 11º lugar. Estão na lista da Forbes entre os mais ricos do mundo.  Mantêm o monopólio da palavra, utilizada, quando querem, para ludibriar quem os lê ou ouve  e para massificar seus valores.

Hegel dizia que a verdade do opressor reside na consciência do oprimido. Então, o dominado é um hospedeiro do dominador.

Isso acontece com todos? Felizmente não. Depende da educação em casa e na escola. A escola normalmente reforça as diferenças sociais. Mais uma batalha a vencer.

A propósito, a tentativa de que haja participação popular na política que afeta a população está sendo bombardeada pela mídia e seus sócios. Não querem que o governo ouça as demandas da sociedade diretamente, sem intermediação da mídia. Consulta é comum para eles, desde que não envolva a população. Como exemplo, temos a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, que tem  várias câmaras setoriais com a presença de empresários dos diversos setores, para fornecer subsídios às políticas setoriais. A Anatel, a Anvisa e muitos outros órgãos têm conselhos consultivos com participação de empresários. E os dominados, mesmo sem saber o que falam, papagueiam o mesmo discurso equivocado e maldoso sobre isso. Papagaio é a pessoa que memoriza e repete o que ouve ou lê, sem compreender o que diz. Acha que compreende.

Com certeza, qualquer um, sem muito esforço, identifica esse tipo de pessoa.

"A dominação revela um amor patológico: sadismo no dominador, masoquismo no dominado." (Paulo Freire).

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