Dias atrás, no bar
cheio, início da noite, eu, esposa e amigos tentávamos conversar, tomando uma
cerveja gelada. O som e o ruído do bar não permitiam. Ouvia-se um arremedo de
música, muito alta. As pessoas, tentando conversar, falavam alto e já estavam
gritando, para suplantar o volume alto das caixas de som. Num quadradinho ao
lado do caixa, um garoto de boné comandava o tocador de CD e escolhia as
“músicas” tuc-tucs com as quais iria nos brindar. Em duas paredes, aparelhos de
TV ligados. Não sei se estavam com som. Impossível perceber.
O que se via era as
pessoas se aproximando dos ouvidos dos outros, ou chegando a cabeça no meio da
mesa para tentar ser ouvido. Outros,
bebericando sua bebida, cada um com seu celular e os dedos ágeis sobre a tela. De comum, apenas a mesa que, supostamente, os
unia.
Percebia-se que ninguém
se incomodava com aquela barulheira misturada a tuc-tucs, que, para o garoto,
era música. O fato de se encostarem para conseguir ser ouvidos, sentir a
respiração do outro na orelha talvez contribuísse para a aceitação daquela
agressão sonora. Um sonômetro (medidor de níveis de intensidade sonora) naquele
ambiente quebraria.
Pagamos a conta e
saímos à procura de um lugar onde fosse possível conversar.
Me vieram algumas dúvidas: será que é pela dificuldade de serem ouvidas que as pessoas conversam via tecnologia? Será que o meu gosto musical é ruim e não percebo? Será que querer conversar com amigos num bar, tomando uma cervejinha, sem estresse, sem ter que gritar é uma esquisitice? Será que o que eu considero música de gosto duvidoso agrada a maioria e eu preciso ser educado para entendê-la? Será que letras como "eu já te peguei e te fiz enlouquecer bará bará bará berê berê berê berê” e “lelek lek lek lek lek lek lek lek lek lek girando girando girando para o lado girando girando girando pro outro” provocam reflexões ou uma paz interior que não consigo alcançar?
A última dúvida me levou ao passado, tempo da faculdade, aula de Teoria da Literatura, profª. Edna. Ela nos ensinou que gosto não se discute... mas se educa. Não debatemos isso em sala. Ela queria que refletíssemos a respeito.
Tem tudo a ver. A preferência por música, pintura, teatro, programas de televisão, filmes, livros depende da educação, tanto a formal, escolar, quanto e, principalmente, a de berço. Não creio que se trate de uma ser melhor que a outra. Ninguém é uma pessoa melhor que a outra por seu gosto artístico. Aquele que gosta de sertanejo universitário pode achar que quem gosta de MPB tem mau gosto. E vice-versa. Cada um acha que tem bom gosto. Em programas de TV, tem gente que gostava de Provocações, programa da TV Cultura, outros de Praça da Alegria. Tem gente que gosta de museus, outro gosta de praças.
Me vieram algumas dúvidas: será que é pela dificuldade de serem ouvidas que as pessoas conversam via tecnologia? Será que o meu gosto musical é ruim e não percebo? Será que querer conversar com amigos num bar, tomando uma cervejinha, sem estresse, sem ter que gritar é uma esquisitice? Será que o que eu considero música de gosto duvidoso agrada a maioria e eu preciso ser educado para entendê-la? Será que letras como "eu já te peguei e te fiz enlouquecer bará bará bará berê berê berê berê” e “lelek lek lek lek lek lek lek lek lek lek girando girando girando para o lado girando girando girando pro outro” provocam reflexões ou uma paz interior que não consigo alcançar?
A última dúvida me levou ao passado, tempo da faculdade, aula de Teoria da Literatura, profª. Edna. Ela nos ensinou que gosto não se discute... mas se educa. Não debatemos isso em sala. Ela queria que refletíssemos a respeito.
Tem tudo a ver. A preferência por música, pintura, teatro, programas de televisão, filmes, livros depende da educação, tanto a formal, escolar, quanto e, principalmente, a de berço. Não creio que se trate de uma ser melhor que a outra. Ninguém é uma pessoa melhor que a outra por seu gosto artístico. Aquele que gosta de sertanejo universitário pode achar que quem gosta de MPB tem mau gosto. E vice-versa. Cada um acha que tem bom gosto. Em programas de TV, tem gente que gostava de Provocações, programa da TV Cultura, outros de Praça da Alegria. Tem gente que gosta de museus, outro gosta de praças.
Muito comum em
clubes, lanchonetes e restaurantes é a televisão. As pessoas saem de casa com a
família, e vão... assistir a programas de TV de que gostam. Quem, por acaso,
quiser conversar com familiares e amigos tem que competir com o aparelho e
falar bem alto.
Anos atrás fui
conhecer uma academia de ginástica. Quem sabe me matricularia. Fiz aula
experimental. Minha nossa! Havia som ambiente, altíssimo, tipo bate-estaca. Os
professores tinham que gritar para passar as atividades. Quem vai lá com
frequência deve melhorar a capacidade física e piorar a auditiva. Os professores devem ficar com problemas nas
cordas vocais. A recomendação da Psicologia do Esporte é que se ouça música de
acordo com o tipo de exercício que se vai fazer. Na academia em que fui, a
mesma música bate-estaca altíssima para pilates, musculação, esteira, spinning,
calistenia, etc. Nunca mais!
Segundo a Revista
Brasileira de Psicologia e Esporte, a música afeta o desempenho da pessoa nos
exercícios. A ideia é sincronizar o ritmo do exercício com as batidas por minuto
(bpm) da música. Assim, o desempenho melhora bastante. A cada tipo de
atividade, música com bpm adequadas. Maior intensidade de exercícios:
música com 120 a 135 bpm; caminhada
moderada: 115 a 125; caminhada leve: até 100 bpm. Há programas na internet que
medem as bpm das músicas.
Bem, parece que
existem músicas para cada ambiente, para cada estado de espírito. Num escritório, trabalhando, vai bem música
instrumental lenta. Numa festa, música rápida, cantada. Num encontro de dois entre
quatro paredes, música romântica, lenta. Numa dança a dois, um bolero, uma balada,
um samba. Numa dança grupal, ritmo predominando sobre a letra, um sambão ou,
quem sabe um axé falando de poeira.
Pois é. O gosto pelas
coisas nos afeta e pode nos identificar, nos aproximar, nos distanciar. Mas a
professora tinha razão.
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