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domingo, 5 de julho de 2015

CONCESSÃO OU PARTILHA NA PETROBRÁS. QUE QUE É ISSO?

“Vocês vão e voltam”, disse José Serra às petroleiras norte-americanas quando foi aprovado o regime de partilha na exploração de petróleo do Pré-sal. Também prometeu: “Deixa esses caras fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”.

Queria apoio, e teve, às suas pretensões eleitorais. As petroleiras não queriam as mudanças na  exploração de petróleo aprovadas no Congresso. O que o senador disse foi divulgado pelo WikiLeaks, combatido pelos norte-americanos e seus colonizados, mas nunca desmentido. Afinal,  divulga documentos, não opiniões ou ilações. As palavras de Serra constam em documento de dezembro de 2009 com o título “A indústria de petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal?” A Folha publicou o conteúdo do telegrama dia 13.12.2010. O lobby não funcionou, mas...

Aloysio Nunes apresentou projeto de lei (PLS 417/2014) que visa acabar com o regime de partilha. José Serra apresentou outro (PL 131/2015), que altera o sistema de partilha, derrubando a participação mínima obrigatória de 30% da empresa estatal nos consórcios de exploração. A mídia divulgou discretamente.

O tal “modelo antigo” a que se refere Serra, e que ele, Aloysio e seu partido querem de volta é o de CONCESSÃO. Como não conseguiram privatizar a Petrobrás, pela reação da população, lhe tiraram o monopólio e criaram o regime de concessão em 1997.

Ele dá direito a empresas nacionais ou estrangeiras de prospectar, explorar e produzir petróleo por sua conta e risco. Elas são donas do que descobrirem. Pagam impostos e royalties. Estes não podem passar de 10% da produção. Lembremos que o Pré-sal já está descoberto. É só chegar e explorar.

Que modelo eles querem derrubar? O regime de PARTILHA.

Nesse modelo, o petróleo é de propriedade da União, mesmo após a extração (diferente da concessão, em que a propriedade é da concessionária). O vencedor da licitação tem direito a uma parcela. O Estado fica com, no mínimo 30% (por ter havido concorrência na licitação, o índice chegou a 41,65%). Os royalties continuam a ser pagos, com um diferencial muito importante: obrigatoriamente 75% vai para a Educação e 25% para a Saúde. E as plataformas para exploração têm que ser construídas no Brasil, com conteúdo mínimo de 37% de componentes nacionais (chegará, se deixarem, a 59% em 2021).

“Na comparação entre os regimes de concessão e de partilha, a arrecadação do Estado passou de cerca de 10% (considerando somente o pagamento de royalties) para 40%.” (Petróleo, concessão ou partilha – Róber Iturriet e Antonio T. Giulian).

Parte das previsões de Serra, “As rodadas de licitações não vão acontecer”, não se concretizou. A parte “E nós mudaremos de volta” está tentando, e vai conseguir se não nos mobilizarmos.

Logo depois da quebra de monopólio, a corrupção que já existia desde tempos idos, se tornou gigantesca e endêmica com o decreto presidencial nº2745, de 1998, que dispensou a Petrobrás de fazer licitação para seus contratos. Ficou tudo liberado! Em anos recentes resolveu-se punir parte dos corruptos.

Sem dúvida, a corrupção na Petrobrás é vergonhosa. Mas não se  pode jogá-la fora por causa dos corruptos e corruptores. A Petrobras recebeu, neste ano, a mais importante premiação internacional destinada ao setor petroleiro, pelo desenvolvimento tecnológico na extração de petróleo em águas profundas. Mesmo assim, o objetivo é fazê-la perder valor de mercado e ser entregue a empresas estrangeiras, financiadoras de políticos brasileiros. Mas acabar com ela não acaba com a corrupção. No passado, várias estatais foram sucateadas e desvalorizadas para serem vendidas a preço baixo. Vender/voltar a concessão para satisfazer os patrões, ou sanear a empresa?
Defender a Petrobrás não é defender bandidos. É libertá-la deles. É exigir que todos os criminosos, de qualquer partido, sejam punidos. É não votar em políticos que defendem interesses contra o Brasil.

O "Vocês não voltam" depende de nós, brasileiros. Se ficarmos passivos diante do que o Congresso vem fazendo (até construindo shopping para satisfação dos parlamentares) e pretende fazer, vamos para o buraco.

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