Na foto, o casal estava de camisa
amarela. Ele, com mais de 70 anos, expressão séria, mas com orgulho, segurava
uma bandeira do Brasil. Participavam de uma manifestação liderada por um
adolescente, o Kim, cuja forma de se comunicar com os liderados são palavras de
ordem e uma imagem fazendo positivo com o dedão, ao lado de Eduardo Cunha e
asseclas. Autor de frases que não ultrapassam três linhas, como "Sabem as semelhanças entre as feministas e o miojo? Ficam prontas
em três minutos e são comida de universitário".
Vi a foto do casal no Facebook.
Francamente, me fez pensar muito. Esse septuagenário é corrupto, safado por
estar participando dessa manifestação de camisa amarela? Não é! Pelo que
conheço dele, é pessoa honesta, religiosa, bom pai e avô. Ele quer um Brasil
melhor, como a maioria de nós quer.
Até tempos atrás tínhamos
contatos esporádicos, mas sempre de boa amizade. O afastamento, até nas redes
sociais, certamente aconteceu porque ele
não concorda com minhas posições políticas. Também não concordo com as dele.
Nunca falamos sobre isso, mas suas manifestações e seu afastamento mostram as
diferenças. O afastamento é desnecessário, mas, se aconteceu, foi porque a
amizade era frágil.
Me lembrei de outro, que teve uma
infância difícil, foi discriminado e, com muita luta, conseguiu estudar e
vencer na vida. Apesar disso, tem posições políticas iguais aos daqueles que
pisavam nele. Como dizia Paulo Freire, o sonho do oprimido é ser opressor. A
única forma de se identificar com quem o oprimiu é imitá-lo: lê as mesmas
revistas, conta as mesmas piadas, reproduz suas posições políticas. Há também os que adquiriram a
Síndrome de Estocolmo, que acontece também no campo das ideias.
Tanta discórdia pelo momento
político que estamos vivendo. Tenho vários amigos e parentes com posições
políticas diferentes de mim. Procuramos não falar sobre isso, e pronto!
A questão é: o governo Dilma não foi bom mesmo. Consideremos que ela não soube negociar com os poderosos, e que o Congresso, principalmente a Câmara, não aprovou nada do que ela propôs. Mas, por isso, querer que ela saia, mesmo sem ser corrupta, e, para isso, ficando do lado dos maiores bandidos do País, é uma postura que exige reflexão. Os parlamentares queriam inviabilizar seu governo. O PT decepcionou e se igualou à maioria dos demais partidos. Dilma continuou íntegra.
A questão é: o governo Dilma não foi bom mesmo. Consideremos que ela não soube negociar com os poderosos, e que o Congresso, principalmente a Câmara, não aprovou nada do que ela propôs. Mas, por isso, querer que ela saia, mesmo sem ser corrupta, e, para isso, ficando do lado dos maiores bandidos do País, é uma postura que exige reflexão. Os parlamentares queriam inviabilizar seu governo. O PT decepcionou e se igualou à maioria dos demais partidos. Dilma continuou íntegra.
Quem assumiu o governo é um condenado
ficha-suja, seus parceiros são réus ou indiciados em corrupção. O casal idoso que
apoiou o impeachment percebeu isso? Está orgulhoso pela contribuição que deu
para o acesso direto dos bandidos ao poder? Percebe que o alto
judiciário é parcial, o que nos põe a todos em risco de sermos vítimas em
alguma causa que possamos ter?
Fiz uma pesquisa em vídeos e noticiários
sobre agressões a manifestantes, ou a usuários de camisas vermelhas ou
amarelas. Predominam agressões verbais e físicas dos de amarelo contra os de
vermelho; dos manifestantes pró-impeachment sobre os contra. Em ambos os lados,
muito ódio.
As últimas gravações liberadas
mostram os caciques do PMDB, todos réus ou indiciados, se articulando para
derrubar Dilma, de forma a depois abafarem a Lava Jato. O que os manifestantes
têm a dizer?
A
tal "Ponte para o Futuro", do PMDB, pode ser, na verdade, um viaduto
para o passado, que está desabando com as estruturas podres.
De
Eduardo Ramos: "
O inocente útil, na maioria das vezes, é
só isso mesmo.... inocente, e útil a uma causa, que na verdade não sabe qual é
(a verdadeira, a que está oculta, ele desconhece...), mas como lhe é
apresentada com toda uma roupagem costurada com os valores e princípios que
lhes são mais caros, ele a INCORPORA integralmente, como uma esponja viva, não
só na mente, acreditando nos símbolos e signos daquela ideologia, mas
EMOCIONALMENTE, passando então a 'se sentir parte´ daquele grupo."
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