- É a Dilma, né?
Foi a resposta da dona de uma barraca na praia
quando eu disse que havia subido muito o preço do que eu estava comprando. Daí, o papo foi para impostos.
Um homem, sentado numa banqueta com um cachorrinho
no colo me disse: “Eu tenho que pagar imposto pra comprar um carro, além do que
já pago na compra”. Depois explicou: “Tenho um pró-labore da minha empresa no
valor de R$4 mil. Oficialmente. Na verdade, pego de 20 a 25 mil. Agora quero
comprar um carro Mercedes-Benz e não posso porque com a renda de R$4 mil não há
como justificar. Então, tenho que pôr que ganho mais. Daí, pago imposto. Esse é
o Brasil!”.
Isso dispensa comentários. Mas a conversa acabou caindo
em impostos. Nós, consumidores, pagamos impostos sobre tudo o que compramos. Também
pagamos INSS sobre nosso salário. PAGAMOS! Mas quem faz o recolhimento daquilo
que pagamos é o comerciante, o patrão, a empresa, etc. É muito comum isso não
ser recolhido. Muitas empresas reclamam que pagam muito imposto, mas quem paga
somos nós. São, ou deveriam ser, repassadoras do dinheiro, mas ficam com ele. Elas
têm os impostos dela, mas daí é outra coisa.
No caso da dona da
barraca, ela repete o senso comum de que tudo é culpa do governo federal. No
Paraná, por exemplo, o governo estadual aumentou em 50% o ICMS de 95 mil
produtos e em 40% o IPVA. A revolta da população contra isso é conveniente e
sutilmente direcionada para o governo federal.
Senso comum é o que as pessoas comuns
usam no seu dia a dia, aquilo que é natural e fácil de entender, o que elas
pensam (ou as fazem pensar) que sejam verdades.
Nem o petista mais ferrenho nega que o PT saiu dos
trilhos. Mas é preciso ser honesto para se criticar. E, claro, estar bem
informado.
Para o senso comum, é petista quem (qualquer dos
itens):
- se indigna com a seletividade da Justiça, em
julgamentos e engavetamentos;
- diz que a
corrupção na Petrobrás começou há muitos anos e se institucionalizou fortemente com o
Decreto nº2745/98, que desobrigou a empresa de fazer licitações;
- lembra que Paulo Roberto Costa foi nomeado em
1997 para cargo de confiança, quando
iniciou sua carreira de corrupto;
- expõe que a corrupção começou a ser combatida
recentemente. Até 2002 não se apurava, não se denunciava. A Polícia Federal
estava manietada;
- se indigna por tesoureiros
de outros partidos que receberam doações (supostamente legais) das empreiteiras
não estarem presos. Só o do PT. Isso qualquer pessoa medianamente informada
sabe. Que se prendam todos!
- cobra punição aos criminosos maiores de 21 anos
que estão soltos (Maluf, Daniel Dantas, Cachoeira, etc.) antes de pôr na cadeia
menores pobres, com a redução da maioridade penal;
- com a redução penal, não haveria mudanças para os
menores da classe média e alta que cometem crimes. Punição não tem a ver com
idade, mas com classe social e partido político;
- é a favor de cotas para minorias raciais;
- quer que
a Petrobrás seja saneada, não vendida, nem “facilitada” para os
norte-americanos, como prometeu Serra caso fosse eleito (vide Wikileaks);
- diz que o Islamismo, o Budismo e o Cristianismo
pregam a paz, a ética, o respeito, a honestidade. Estado Islâmico, Eduardo
Cunha, Marco Feliciano, os bispos evangélicos que enriquecem com a pobreza de
seus seguidores, os padres pedófilos são
deturpações;
- é contra os absurdos privilégios que o
Judiciário está se autoimplantando;
- não quer que o FMI volte a mandar no Brasil,
como fez até 2005. O último empréstimo recebido foi de US$41,5 bilhões, em
2002, para o País fechar as contas. O dinheiro das privatizações já tinha
evaporado.
Esse suposto petista não é a favor do que agora
está sendo visto no País, nem quer defender o partido, no qual pode nem ter
votado. Apenas quer que as pessoas não sejam manipuladas e tenham visão do
todo. Quer que todos criminosos sejam punidos.
No jornal:
http://www.ilustrado.com.br/jornal/ExibeNoticia.aspx?NotID=66778&Not=CULPA%20DO%20GOVERNO